Estudos recentes indicam que a suplementação com creatina está surgindo como uma aliada no tratamento de pacientes com doença renal crônica (DRC).

Caracterizada pela perda progressiva da função renal, a DRC demanda uma gestão cuidadosa para preservar a saúde e qualidade de vida dos pacientes. Atualmente, os tratamentos para DRC incluem abordagens como controle da pressão arterial, dieta balanceada e, em estágios avançados, diálise ou transplante renal.
Estudos recentes ainda indicam que a suplementação com creatina também pode ser implementada como um recurso de promoção de saúde em pacientes com DRC. Neste artigo, você vai ler:
- O que é a doença renal crônica
- Tratamentos atuais para doença renal crônica
- Benefícios da creatina
- Riscos da deficiência de creatina
- Fontes e síntese de creatina
- Importância da suplementação de creatina em pacientes com DRC
O que é a doença renal crônica
A DRC é uma condição silenciosa que pode se desenvolver ao longo de anos, muitas vezes sem apresentar sintomas evidentes em estágios iniciais.
Os rins desempenham um papel crucial na eliminação de resíduos do corpo e na regulação de substâncias vitais, como o equilíbrio de eletrólitos e a pressão arterial. Quando a DRC se instala, essas funções podem ser comprometidas, levando a uma série de complicações de saúde.
Além disso, a progressão da DRC pode ser influenciada por fatores genéticos, estilo de vida e condições médicas subjacentes, tornando essencial um diagnóstico precoce e um manejo adequado.

Tratamentos atuais para doença renal crônica
Atualmente, os tratamentos para DRC visam retardar a progressão da doença e gerenciar os sintomas associados.
Isso inclui a implementação de dietas com restrição de sódio, controle rigoroso da pressão arterial e a introdução de medicamentos específicos. Em estágios mais avançados, a diálise é frequentemente necessária para filtrar o sangue e realizar as funções renais comprometidas. O transplante renal é considerado uma opção em casos selecionados.
No entanto, é importante ressaltar que essas abordagens têm suas limitações, e a pesquisa contínua visa identificar novas estratégias para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com DRC. É neste cenário que surge a suplementação com creatina.
Benefícios da creatina
A creatina é um composto naturalmente presente no corpo e desempenha um papel crucial no fornecimento de energia durante atividades físicas intensas. Os principais benefícios da creatina para o corpo humano são:
- Fornecer mais energia para as células musculares;
- Melhorar a performance nos treinos;
- Combater a fadiga e acelerar a recuperação muscular;
- Colaborar para o ganho de massa magra;
- Aumentar força e potência durante o treino;
- Melhorar o funcionamento do metabolismo;
- Melhorar a capacidade cognitiva e as funções cerebrais;
- Diminuir os efeitos do envelhecimento.

Riscos da deficiência de creatina
Dados esses benefícios, os riscos da deficiência de creatina envolvem implicações significativas para o desempenho físico e a saúde geral.
Em indivíduos saudáveis, a deficiência de creatina pode se manifestar como fadiga rápida durante atividades físicas intensas, uma vez que a creatina desempenha um papel fundamental na regeneração rápida de trifosfato de adenosina (ATP), a principal fonte de energia celular.
A falta de creatina também pode afetar a função muscular, levando a um comprometimento na capacidade contrátil e, consequentemente, impactando o desempenho atlético.
Além disso, estudos sugerem que a creatina desempenha um papel neuroprotetor e está associada à função cerebral saudável. Portanto, a falta desse composto pode contribuir para distúrbios cognitivos e declínio da função cerebral.

No caso de pacientes com DRC que já se encontram dependentes de diálise, a deficiência de creatina pode ser um fator de risco modificável, que fundamenta várias causas importantes para a qualidade de vida.
Fontes e síntese de creatina
A creatina pode ser obtida através de fontes alimentares, como carne vermelha e peixe, ou por meio de suplementos disponíveis comercialmente. No entanto, vale ressaltar que a qualidade da creatina é essencial e a escolha de suplementos confiáveis é crucial para garantir benefícios efetivos.
Segundo a pesquisa Chronic Dialysis Patients Are Depleted of Creatine: Review and Rationale for Intradialytic Creatine Supplementation, diariamente, entre 1,6% e 1,7% do pool de creatina total, principalmente intracelular, é degradado não enzimaticamente em creatinina. Subsequentemente, essa creatinina deixa as células e é excretada pelos rins como um resíduo na urina.
Essa perda requer uma reposição contínua do pool total de creatina, com nova creatina para permanecer em equilíbrio. Enquanto uma dieta de origem animal pode fornecer até 50% da necessidade diária de reposição de creatina, a cobertura dos outros 50% requer síntese endógena.
Importância da suplementação de creatina em pacientes com DRC
Pacientes com DRC dependentes de diálise, além de terem perdas maiores de creatina, também apresentam comprometimento neste processo de síntese endógena, já que sua primeira e limitante etapa ocorre no rim.
Essa tendência para o balanço negativo de creatina nesses pacientes é mais acentuada pelas recomendações dietéticas atuais, que costumam envolver dietas à base de vegetais. Essas dietas fornecem cargas mais baixas de fósforo e ácido do que dietas de origem animal, sendo úteis para controlar a hiperfosfatemia e a acidose.

Porém, a capacidade enzimática para a síntese endógena de creatina, a partir dos aminoácidos (AAs) presentes em alimentos de origem vegetal, é severamente prejudicada devido à ausência de função renal nesses pacientes.
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Dados os efeitos fisiológicos da creatina, sua suplementação intradialítica pode ajudar a manter a homeostase da creatina em pacientes com DRC e, consequentemente, melhorar os estados muscular, nutricional e neurocognitivo e a qualidade de vida.
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