Evidências revelam o potencial funcional e terapêutico dos polifenóis nas doenças relacionadas ao glúten. Dentre as patologias relacionadas ao glúten, a sensibilidade ao glúten não-celíaca (SGNC) despertou interesse nos últimos anos devido à sua crescente incidência.

Polifenóis para sensibilidade ao glúten

O trigo e o glúten

O trigo é um dos cereais mais importantes, pois fornece energia e nutrientes para bilhões de pessoas ao redor do mundo. Além de seu valor nutricional e da capacidade de crescer em uma ampla gama de condições ambientais, o sucesso do trigo também depende do glúten. 

É o glúten, com suas propriedades únicas, que permite que o trigo dê origem a uma variedade de produtos de panificação e massas. No entanto, o glúten de trigo também é responsável por induzir uma série de intolerâncias.

Nas últimas duas décadas, tem havido um crescimento constante na incidência de doenças que se acredita estarem associadas com ingestão de glúten e trigo. Esta tendência provavelmente se explica por uma melhoria significativa nas ferramentas de diagnóstico, mas também foi registrado um aumento real na incidência das doenças. 

As razões para esse aumento ainda não são totalmente compreendidas. Algumas condições podem ser responsáveis, como a ocorrência de disbiose microbiana no intestino, mudanças nos hábitos alimentares e o aumento no uso de glúten como ingrediente na preparação e processamento de diferentes tipos de alimentos. Em geral, o espectro de distúrbios relacionados ao glúten é amplo, incluindo doença celíaca, alergia e sensibilidade ao glúten não-celíaca (SGNC).

Sensibilidade ao glúten não-celíaca

A sensibilidade ao glúten não-celíaca é uma condição caracterizada por sintomas intestinais e extraintestinais relacionados à ingestão de alimentos que contêm glúten, sendo aliviada por uma dieta isenta de glúten em pacientes que não apresentam doença celíaca ou alergia ao trigo.

Os sintomas gastrointestinais mais frequentes em pacientes com SGNC são dor abdominal, inchaço e alterações nos hábitos intestinais. Cansaço, dor de cabeça, confusão mental, ansiedade, manifestações musculoesqueléticas e cutâneas estão entre os sintomas extraintestinais mais relatados. Os sintomas gastrointestinais são mais comuns do que os extraintestinais, e podem aparecer horas ou dias após a ingestão dos componentes do trigo.

Na sensibilidade ao glúten não-celíaca há um aumento da permeabilidade intestinal e desmontagem da JT epitelial, com função de barreira prejudicada que favorece a difusão não seletiva de peptídeos derivados do glúten e ativa reações imunes em resposta ao glúten.

Uma vez que é muito difícil manter uma dieta totalmente isenta de glúten, existe um grande interesse em descobrir estratégias alternativas que possam mitigar seus efeitos tóxicos.

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Ação dos polifenóis

Os polifenóis são os componentes fitoquímicos bioativos mais comuns em nossa dieta. São metabólitos secundários vegetais derivados da via chiquimato/fenilpropanóide. Até agora, mais de 8.000 polifenóis foram identificados na natureza, geralmente divididos em diferentes classes de acordo com o número de anéis fenólicos que contêm e com os elementos estruturais que ligam esses anéis uns aos outros.

Os estudos demonstram que os polifenóis se ligam preferencialmente a proteínas ricas em prolina, como a gliadina. A formação de complexos gliadina-polifenol pode reduzir a biodisponibilidade da gliadina, sequestrando a proteína e impedindo que ela interaja com o meio intestinal.

Com base nessa capacidade de interagir com gliadinas e mascarar epítopos, acredita-se que extratos ricos em polifenóis de folhas de alcachofra, cranberries, maçãs e folhas de chá verde podem modular a imunogenicidade e a alergenicidade das proteínas do glúten.

Os polifenóis também podem amortecer os efeitos tóxicos do glúten, tanto no nível intestinal quanto sistêmico, reduzindo o estresse oxidativo e a inflamação, regulando a resposta imune e melhorando a saúde da microbiota intestinal e a função da barreira intestinal. Consumir alimentos à base de plantas, que são ricos em polifenóis, pode atenuar os sintomas da sensibilidade ao glúten não-celíaca.

Referência

Calabriso, Nadia et al. “Non-Celiac Gluten Sensitivity and Protective Role of Dietary Polyphenols.” Nutrients vol. 14,13 2679. 28 Jun. 2022, doi:10.3390/nu14132679


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