A influência da alimentação no sono é um dos fatores mais significativos para a qualidade do ciclo circadiano

Uma boa noite de sono é essencial para a saúde e bem-estar geral, influenciando desde o humor até o desempenho cognitivo e a imunidade. Embora muitos fatores possam afetar a qualidade do sono, a alimentação é um dos mais significativos e, muitas vezes, negligenciados.

O que você come e quando come pode ter um impacto profundo na facilidade com que você adormece e na qualidade do seu descanso. Certos nutrientes e hábitos alimentares podem promover um sono mais reparador, enquanto outros podem dificultar o processo de adormecer ou levar a um sono interrompido. Neste artigo, você vai ler:

O que é o ciclo circadiano

O ciclo circadiano é um ritmo biológico de aproximadamente 24 horas que regula diversas funções fisiológicas no corpo humano, como o sono, a vigília, a produção hormonal e a digestão.

Este ciclo é influenciado por fatores externos, principalmente a luz e a escuridão. A exposição à luz natural durante o dia e a escuridão à noite ajudam a sincronizar o relógio biológico interno, promovendo um padrão de sono-vigília regular.

Desajustes no ciclo circadiano, causados por fatores como trabalho noturno, viagens transcontinentais ou uso excessivo de dispositivos eletrônicos à noite, podem levar a problemas de sono e afetar negativamente a saúde geral.

Hábitos que beneficiam o sono

Para melhorar a qualidade do sono, é essencial adotar hábitos que respeitem e favoreçam o ciclo circadiano natural. Alguns comportamentos que favorecem o sono são:

Alimentos que contribuem para o ciclo circadiano

A alimentação também desempenha um papel importante na regulação do ciclo circadiano. Alguns alimentos podem ajudar a promover um sono melhor e mais reparador, como aqueles ricos em triptofano, por exemplo.

O triptofano é um aminoácido precursor da serotonina, que se converte em melatonina. Aves, nozes, sementes, tofu e queijo são boas opções. Comer uma pequena quantidade de carboidratos complexos, como cereais integrais, frutas e legumes, pode aumentar a disponibilidade de triptofano no cérebro.

Além disso, o magnésio ajuda a relaxar os músculos e promover o sono. Fontes boas incluem espinafre, amêndoas, abacate e banana. Ainda, chás de camomila, valeriana e passiflora têm propriedades calmantes que podem ajudar a induzir o sono.

Por fim, frutas como cerejas e kiwi são ricas em antioxidantes e podem ajudar a melhorar a qualidade do sono.

Influência da alimentação no sono

Evidências sugerem que o hábito de pular regularmente o café da manhã e comer tarde da noite pode ter um impacto negativo na saúde cardiometabólica.

A comida é um sincronizador bem conhecido dos relógios periféricos do sistema circadiano, que controla os ritmos em órgãos como fígado, coração, rins, pâncreas e a regulação da pressão arterial. Comer tarde da noite pode perturbar este sistema e levar a distúrbios metabólicos.

Estudos indicam que a omissão do café da manhã tem sido associada, em metanálises, a sobrepeso, obesidade, risco de doença cardiovascular e diabetes mellitus. Por sua vez, a alimentação noturna tem sido associada a fatores de risco cardiovascular, como rigidez arterial, obesidade, dislipidemia e síndrome metabólica (apenas em mulheres).

Contudo, um conjunto crescente de evidências sugere que a prática de alimentação com restrição de tempo, ou seja, estender a duração do jejum noturno para mais de 12 horas pode estar ligada a uma melhoria de vários indicadores-chave da saúde cardiovascular.

O estudo Dietary circadian rhythms and cardiovascular disease risk in the prospective NutriNet-Santé cohort utilizou dados de 103.389 adultos do estudo NutriNet-Santé para avaliar a associação do horário das refeições e o número de ocasiões de alimentação com o risco de doenças cardiovasculares.

Os momentos tardios da primeira e da última refeição foram independentemente associados a um risco mais elevado de doença cardiovascular global. Fazer a primeira refeição depois das 9h em comparação com antes das 8h e a última refeição do dia depois das 21h em comparação com antes das 20h foi associado a um maior risco de desfechos cardiovasculares, especialmente entre as mulheres.

LEIA TAMBÉM: A relação entre ciclos circadianos e imunidade 

Os resultados sugerem um benefício potencial de adotar padrões de horários de alimentação mais precoces e combinar um período de jejum noturno mais longo com uma última refeição mais cedo, em vez de pular o café da manhã, na prevenção de doenças cardiovasculares. Você considera a crononutrição na sua prática clínica? 

Referência:

Palomar-Cros A, Andreeva VA, Fezeu LK, Julia C, Bellicha A, Kesse-Guyot E, Hercberg S, Romaguera D, Kogevinas M, Touvier M, Srour B. Dietary circadian rhythms and cardiovascular disease risk in the prospective NutriNet-Santé cohort. Nat Commun. 2023 Dec 14;14(1):7899. doi: 10.1038/s41467-023-43444-3. PMID: 38097547; PMCID: PMC10721609.


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