A ligação entre cérebro e músculo é vital, visto que os exercícios físicos desencadeiam adaptações benéficas na saúde do cérebro, influenciando desde o humor até a neuroproteção.

O músculo esquelético vai muito além de sua função aparente de movimentação e suporte aos exercícios físicos, desempenhando um papel vital na regulação da homeostase energética e coordenando adaptações induzidas pelo exercício em outros órgãos, como fígado e cérebro

Esta intrincada rede de comunicação, conhecida como crosstalk, é mediada pela secreção de miocinas, hormônios protéicos capazes de exercer efeitos endócrinos, autócrinos, parácrinos e de longa distância.

Para entender a importância dos exercícios físicos na saúde do cérebro, neste artigo, você vai ler:

Funções do músculo esquelético

O músculo esquelético, além de desempenhar sua função primordial de movimentação e suporte ao corpo, assume um papel verdadeiramente multifuncional no organismo. Sua importância vai muito além do simples movimento articular, estendendo-se para a regulação intrincada da homeostase energética.

Durante o exercício, esse tecido muscular não apenas responde às demandas metabólicas, fornecendo a energia necessária para a atividade física, mas também age como um coordenador central de adaptações sistêmicas.

Ao exercitar-se, o músculo esquelético atua como um órgão secretor dinâmico, liberando uma variedade de substâncias bioativas, incluindo miocinas, que desempenham papéis fundamentais na comunicação intercelular.

Essas miocinas não só afetam localmente as células musculares, mas também alcançam outros tecidos do corpo, promovendo uma rede complexa de interações conhecida como crosstalk

Interações do músculo esquelético

Essa comunicação entre o músculo esquelético e outros órgãos é crucial para a regulação do equilíbrio energético, a resposta ao estresse metabólico e, como veremos, para as adaptações benéficas observadas no cérebro em resposta ao exercício físico.

Dessa forma, podemos conceber o músculo esquelético não apenas como um executor mecânico, mas como um participante ativo nos processos metabólicos e endócrinos que permeiam todo o organismo.

Sua capacidade de influenciar positivamente a saúde de outros órgãos, destaca-o como um componente central no complexo quebra-cabeça da manutenção da saúde global do corpo humano.

Efeitos do exercício no cérebro

Os efeitos do exercício no cérebro são numerosos e impactantes. Além da óbvia melhora na aptidão física, o exercício contribui significativamente para: 

Além disso, na pesquisa Endocrine Crosstalk Between Skeletal Muscle and the Brain foi evidenciado um mecanismo celular pelo qual o exercício de resistência promove a expressão de genes do hipocampo, como BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro) e PGC-1α (Coativador 1-alfa de PPAR-gama).

Esses genes estão associados à neuroproteção e memória, revelando a profunda interação entre o músculo esquelético e o cérebro.

BDNF e a modulação cerebral

O BDNF muscular desempenha um papel crucial na sinalização autócrina e parácrina, promovendo não apenas a oxidação da gordura da fibra muscular e o desenvolvimento muscular, mas também atuando como mediador dos efeitos do exercício na modulação da transmissão sináptica, neurogênese e função da memória.

PGC-1α como regulador essencial do secretoma e neuroinflamação

Por sua vez, o PGC-1α muscular emerge como um regulador eficaz do secretoma muscular, essencial para funções cerebrais centrais, incluindo memória e humor.

Seu nível elevado é associado à prevenção de alterações na expressão de marcadores neurotróficos, sinápticos e pró-inflamatórios no hipocampo, desencadeados pelo estresse crônico. Dessa forma, o exercício atua como um agente anti-neuroinflamatório.

Além disso, a irisina circulante, uma miocina dependente de PGC-1α induzida pelo exercício, acredita-se poder atravessar a barreira hematoencefálica ou interagir com receptores expressos por células endoteliais. Dessa forma, amplia-se ainda mais os benefícios do exercício sobre o Sistema Nervoso Central (SNC).

A importância dos exercícios para a saúde do cérebro

Em conclusão, o exercício físico e o secretoma muscular desempenham papéis interligados em melhorar diversas funções cerebrais, desde vascularização e neuroplasticidade até memória, sono e humor.

A prescrição do exercício deve ser considerada não apenas para a saúde física, mas como uma parte crucial da conduta clínica, especialmente quando se busca otimizar a saúde do cérebro e suas funções cognitivas.

LEIA TAMBÉM: Suplementação de creatina para função cerebral 

Incorporar atividades físicas na rotina diária não é apenas benéfico para o corpo, mas é uma estratégia comprovada para promover uma mente saudável e resistente. Você prescreve o exercício físico como parte importante da sua conduta clínica?

Referência:

Delezie J and Handschin C (2018) Endocrine Crosstalk Between Skeletal Muscle and the Brain. Front. Neurol. 9:698. doi: 10.3389/fneur.2018.00698


Encontre um profissional indicado pela Faculdade Saúde Avançada

As pessoas precisam de profissionais que olhem seus exames pelo valor de referência. Precisam encontrar o profissional que saiba interpretar. Verifique através do mapeamento da Faculdade Saúde Avançada (FSA) onde este especialista está.

CLIQUE AQUI

>>

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *