A doença hepática crônica é uma condição grave que afeta o fígado e pode levar a complicações sérias, incluindo a morte. Estima-se que milhões de pessoas ao redor do mundo sejam afetadas por doenças hepáticas crônicas, resultando em um número significativo de óbitos a cada ano.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença hepática crônica é responsável por aproximadamente 2 milhões de mortes anualmente. Essas mortes são frequentemente atribuídas a complicações relacionadas à doença, como cirrose hepática, insuficiência hepática e câncer de fígado. A doença hepática crônica pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo o consumo excessivo de álcool, hepatite viral, obesidade e doenças autoimunes.

É importante ressaltar que a doença hepática crônica muitas vezes não apresenta sintomas óbvios em estágios iniciais, o que pode levar a um diagnóstico tardio e a um aumento do risco de complicações graves. 

A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para reduzir a incidência de mortes por doença hepática crônica. Isso pode ser alcançado por meio de medidas como a vacinação contra hepatites virais, redução do consumo de álcool, adoção de uma alimentação saudável e uma interpretação de exames assertiva.

Os principais biomarcadores

A avaliação da saúde hepática é fundamental para identificar precocemente possíveis disfunções no fígado. Nesse contexto, os biomarcadores desempenham um papel importante, fornecendo informações valiosas sobre o funcionamento do órgão. 

Alguns dos principais biomarcadores utilizados na avaliação da saúde hepática incluem enzimas hepáticas, como a alanina aminotransferase (ALT) e a aspartato aminotransferase (AST), que indicam a presença de danos nas células hepáticas. 

Além disso, a dosagem de bilirrubina total e frações é essencial para avaliar a função hepática e a capacidade do fígado de processar e eliminar a bile. Outros biomarcadores, como a albumina e a protrombina, podem fornecer informações sobre a síntese de proteínas e a capacidade de coagulação do fígado, respectivamente. 

A combinação desses biomarcadores permite uma avaliação abrangente da saúde hepática, auxiliando no diagnóstico e monitoramento de doenças hepáticas crônicas, como a cirrose e a hepatite.

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O Fib-4

O Fib-4 é um biomarcador utilizado na avaliação da saúde hepática e na detecção de fibrose hepática, um estágio avançado da doença hepática crônica. Ele é calculado a partir de uma fórmula simples que leva em consideração a idade do paciente, os níveis de AST (aspartato aminotransferase) e ALT (alanina aminotransferase) e a contagem de plaquetas.

O Fib-4 é um índice não invasivo que fornece uma estimativa da fibrose hepática, eliminando a necessidade de uma biópsia hepática, que é um procedimento invasivo e potencialmente desconfortável. O cálculo do Fib-4 é baseado no fato de que a fibrose hepática está associada a alterações nos níveis das enzimas hepáticas e das plaquetas sanguíneas.

Uma pontuação mais alta no índice Fib-4 indica um maior grau de fibrose hepática, o que pode indicar a necessidade de um acompanhamento mais próximo e a consideração de intervenções terapêuticas. No entanto, é importante ressaltar que o Fib-4 é apenas um indicador e não substitui o diagnóstico médico completo. Outros exames, como ultrassonografia hepática, elastografia hepática e testes de função hepática, também são importantes para uma avaliação abrangente da saúde hepática.

O uso do Fib-4 como biomarcador tem se mostrado útil na triagem de pacientes com doença hepática crônica, permitindo uma identificação mais rápida e precisa da presença de fibrose hepática significativa. Ele é amplamente utilizado em ambientes clínicos para auxiliar médicos na tomada de decisões e na monitorização de pacientes com doenças hepáticas, como hepatite crônica, esteatose hepática não alcoólica (EHNA) e cirrose.

No entanto, de acordo com um estudo recente realizado na Suécia e publicado na Alimentary Pharmacology & Therapeutics em 2023, dados bioquímicos de 126.925 indivíduos com idades entre 35 e 79 anos em Estocolmo, Suécia, realizados entre 1985 a 1996 apontam que é possível melhorar a pontuação FIB-4 para aumentar a identificação de pacientes com risco de eventos graves relacionados ao fígado. 

Combinações de variáveis bioquímicas

Foram identificados 630 casos incidentes de doença hepática.  Ao combinar as variáveis bioquímicas foi encontrada uma clara diferenciação de risco de doença hepática grave em 10 anos.

A incidência cumulativa de doença hepática grave em 10 anos foi de apenas 2,5% para pessoas com FIB-4 alto acima de 65 anos de idade, com glicose normal e gGT normal. Enquanto pacientes com FIB-4 baixo, mas com idade acima de 65 anos, com gGT alta e glicose prejudicada tiveram um risco de 13% em 10 anos.

A influência dos níveis de gGT

O gGT (gama-glutamiltransferase) foi um importante contribuinte para o sistema de classificação. É provável que altos níveis de gGT estejam associados ao consumo de álcool para a maioria dos pacientes, embora alguns possam ter níveis elevados devido ao colesterol ou como resultado da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA).

A idade como fator influente

A idade também contribuiu de forma relevante para a classificação de risco, apontando que o FIB-4 tem desempenho ruim em pessoas acima de 65 anos e pessoas com DM ou glicose elevada apresentavam maior risco, apoiando a avaliação ativa da doença hepática nessa população.

Avaliação

É importante ressaltar que a interpretação dos biomarcadores deve ser feita por profissionais de saúde qualificados, considerando o histórico médico do paciente e outros exames complementares, a fim de obter um diagnóstico preciso e indicar o tratamento adequado.

Avaliar esses biomarcadores combinados ao FIB-4 pode melhorar a previsão do risco de 10 anos de doença hepática grave na população em geral. Você costuma fazer correlações de biomarcadores ao avaliar os exames bioquímicos de seus pacientes para prever riscos?

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FIB-4 um importante biomarcador na saúde hepática.

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