Alguns exames laboratoriais são muito simples, mas de extrema relevância para avaliação da saúde de nossos pacientes. São exames que deveriam ser considerados como indispensáveis, mas que nem sempre são valorizados. O ácido úrico aumentado é um bom exemplo deste tipo de exame.

Ácido úrico

O ácido úrico aumentado está fortemente ligado à doença cardiovascular. No entanto, o papel do ácido úrico vai além dos fatores de risco cardiovascular. Ao analisarmos os exames, precisamos saber utilizar esses dados adequadamente.

O aumento do ácido úrico sérico, o produto final do metabolismo das purinas, está fortemente associado a problemas cardiovasculares, incluindo doença cardíaca coronária e derrame. No entanto, o mecanismo subjacente que liga a hiperuricemia ao risco de doença cardiovascular não está claro. 

Em particular, há controvérsia sobre o ácido úrico ser um fator de risco causal ou apenas um marcador de outros processos pró-aterogênicos. Alguns estudos apontam que a associação entre o ácido úrico e fatores de risco cardiometabólicos é amplamente diminuída ou eliminada após ajuste para índice de massa corporal e componentes da síndrome metabólica.

Atenção aos exames

Um estudo desenvolvido no Centro de Medicina Preventiva do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, avaliou a relação independente entre o ácido úrico e os marcadores iniciais de risco cardiometabólico. Avaliou-se a associação de ácido úrico com inflamação sistêmica (medida por proteína C-reativa – PCR), dislipidemia por resistência insulínica (através da relação TG/HDL), e a esteatose hepática detectada por ecografia na presença e na ausência de obesidade e de síndrome metabólica em um grupo de 3518 pessoas sem doença cardiovascular.

Os resultados deste estudo sugerem que a ligação entre o ácido úrico e o risco cardiometabólico precede a obesidade e a síndrome metabólica. Em conclusão, altos níveis de ácido úrico foram associados com aumento de TG/HDL e esteatose hepática independentemente da síndrome metabólica e obesidade e com aumento da PCR independentemente da síndrome metabólica. 

O ácido úrico amplifica o estresse oxidativo nos adipócitos. Esta ação pró-oxidativa pode contribuir para a resistência à insulina. O ácido úrico ainda induz a diminuição de óxido nítrico, que reduz a captação de glicose músculo-esquelética.  Agrava, assim,  a resistência à insulina, o que pode explicar a sua associação com a esteatose.

Esse estudo realizado no Brasil, analisando o perfil populacional de nossos pacientes, mostra muito claramente a importância de avaliar criteriosamente mesmo os exames considerados mais simples.  Há muita informação disponível para quem sabe ler e interpretar. 

Referência

Keenan, Tanya et al. “Relation of uric acid to serum levels of high-sensitivity C-reactive protein, triglycerides, and high-density lipoprotein cholesterol and to hepatic steatosis.” The American journal of cardiology vol. 110,12 (2012): 1787-92. doi:10.1016/j.amjcard.2012.08.012


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