A relação entre a dieta e a saúde mental é objeto de interesse crescente, especialmente quando se trata dos efeitos dos neurotransmissores dietéticos.

Nosso cérebro é um órgão extraordinário, regido por uma complexa rede de neurotransmissores que afetam nosso humor, cognição e até mesmo nossos hábitos alimentares. Mas você sabia que a dieta desempenha um papel crucial na regulação desses neurotransmissores? Desde a serotonina que nos faz sentir bem até a dopamina que nos motiva, cada alimento que ingerimos pode impactar diretamente esses mensageiros químicos do cérebro. Neste artigo, você vai ler:
- O que são neurotransmissores;
- Como os neurotransmissores funcionam no cérebro;
- Quais são os neurotransmissores dietéticos;
- Doenças do Sistema Nervoso Central;
- Efeitos dos neurotransmissores dietéticos no SNC.
O que são neurotransmissores
Os neurotransmissores são substâncias químicas que transmitem sinais entre os neurônios (células nervosas) no cérebro e em todo o sistema nervoso.
Eles desempenham um papel fundamental na comunicação entre os neurônios e na regulação de várias funções do corpo, incluindo o humor, o sono, a memória, a aprendizagem e muitas outras funções cognitivas e comportamentais.
Existem muitos tipos diferentes de neurotransmissores, e cada um desempenha um papel específico na transmissão de sinais dentro do sistema nervoso. Alguns exemplos de neurotransmissores incluem a dopamina, a serotonina, a acetilcolina, o glutamato e o GABA (ácido gama-aminobutírico).

Como os neurotransmissores funcionam no cérebro
Quando um neurônio é ativado, ele libera neurotransmissores na sinapse, o espaço entre os neurônios.
Esses neurotransmissores então se ligam aos receptores em neurônios adjacentes, desencadeando uma série de eventos bioquímicos que podem resultar na excitação ou inibição do neurônio pós-sináptico, afetando assim a transmissão do sinal nervoso.
Este processo é fundamental para a função adequada do sistema nervoso e para a comunicação eficaz entre as células nervosas.
Quais são os neurotransmissores dietéticos
Os neurotransmissores dietéticos são substâncias presentes em certos alimentos que podem influenciar a produção e a atividade dos neurotransmissores no cérebro. Alguns exemplos de neurotransmissores dietéticos incluem:
- Triptofano: aminoácido presente em alimentos como carne, peixe, laticínios, ovos e certos tipos de legumes, o triptofano é um precursor da serotonina, um neurotransmissor associado ao humor e ao sono.
- Tirosina: encontrada em alimentos como carne, aves, peixe, laticínios, amêndoas e abacates, a tirosina é um precursor de neurotransmissores como a dopamina, a noradrenalina e a adrenalina, que desempenham papéis importantes no humor, na concentração e na resposta ao estresse.
- Ácido docosa-hexaenoico (DHA): ácido graxo ômega-3 encontrado em peixes gordurosos, como salmão, sardinha e atum, o DHA é um componente estrutural importante das membranas celulares do cérebro e está associado à saúde cerebral e à função cognitiva.
- Vitaminas do complexo B: incluindo a B6, a B12 e o ácido fólico, são essenciais para a síntese de neurotransmissores como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Alimentos ricos incluem carne, aves, peixe, ovos, laticínios, grãos integrais, vegetais folhosos e legumes.
Uma dieta equilibrada e rica em alimentos que contenham esses nutrientes pode ajudar a promover a saúde do cérebro e o equilíbrio dos neurotransmissores, contribuindo para um melhor humor, sono e função cognitiva.

Doenças do Sistema Nervoso Central
O Sistema Nervoso Central (SNC) é uma parte essencial do sistema nervoso humano, composto pelo cérebro e pela medula espinhal. Ele desempenha um papel fundamental no processamento de informações sensoriais, controle motor e coordenação de várias funções corporais.
No entanto, o SNC pode ser afetado por uma variedade de doenças. Algumas das principais doenças do Sistema Nervoso Central são:
- Acidente Vascular Cerebral (AVC): também conhecido como derrame, é uma condição em que ocorre interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, resultando em danos às células cerebrais.
- Alzheimer: uma forma comum de demência que afeta a memória, o pensamento e o comportamento, geralmente progredindo ao longo do tempo.
- Parkinson: uma doença degenerativa do sistema nervoso central que afeta principalmente o controle do movimento, resultando em tremores, rigidez e dificuldade de movimento.
- Esclerose Múltipla (EM): uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, resultando em danos à mielina (a camada protetora ao redor dos nervos), levando a uma ampla gama de sintomas neurológicos.
- Epilepsia: caracterizada por convulsões recorrentes, a epilepsia ocorre devido a distúrbios na atividade elétrica do cérebro.
- Tumores cerebrais: podem ser benignos ou malignos e, dependendo da localização e do tamanho, podem causar uma variedade de sintomas neurológicos.
- Meningite: uma infecção das membranas (meninges) que envolvem o cérebro e a medula espinhal, geralmente causada por bactérias, vírus ou fungos.
Efeitos dos neurotransmissores dietéticos no SNC
Psicobióticos, alimentos de origem animal, frutas, raízes e vegetais, podem ser vistos como fontes naturais de neurotransmissores. Isso foi abordado na revisão Dietary Neurotransmitters: A Narrative Review on Current Knowledge.
Os neurotransmissores dietéticos como acetilcolina (ACh), Ácido gama-aminobutírico (GABA), dopamina, serotonina (5-HT) e histamina podem exercer efeitos cruciais no sistema nervoso humano.

Por exemplo, ACh atua como neurotransmissor nas junções neuromusculares, nas sinapses ganglionares e em diversos locais do Sistema Nervoso Central. A acetilcolina é obtida através de abóbora, berinjela e espinafre. Além disso, o glutamato é o neurotransmissor excitatório mais importante no cérebro e ocorre naturalmente em alimentos proteicos.
Já o GABA é um importante neurotransmissor inibitório do SNC, encontrado no espinafre cru, batata, batata doce, couve e brócolis. Além desses alimentos, cogumelos shiitake e castanhas também apresentaram quantidade significativa.
No SNC as vias da serotonina modulam o comportamento, a alimentação e o sono, enquanto, no intestino, estão envolvidas na regulação da motilidade gastrointestinal. Frutas, vegetais e sementes são as principais fontes de 5-HT.
Por sua vez, a dopamina, encontrada em banana e abacate, desempenha papel essencial para a coordenação dos movimentos corporais, motivação e recompensa. Enquanto isso, a histamina está presente em neurônios hipotalâmicos, medindo excitação, atenção e reatividade. Peixes, vinhos, presunto e outras carnes secas, queijos e laticínios podem apresentar quantidades significativas.
Por fim, acredita-se que indivíduos com Alzheimer ou outras demências possam se beneficiar com uma dieta com fontes dietéticas de Ach e aqueles que sofrem de epilepsia e enxaquecas com uma dieta sem glutamato.
Além disso, aqueles que sofrem de ansiedade e insônia vão sentir bons efeitos ao ingerir fontes de GABA e quem tem Parkinson pode se beneficiar da dopamina. Os distúrbios depressivos são beneficiados pela dieta com serotonina, enquanto quem sofre de dores de cabeça vasculares pode ter uma dieta livre de histamina.
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Entretanto, são necessários mais estudos quanto à biodisponibilidade e as implicações clínicas dos nutracêuticos dietéticos. Você já conhecia as possíveis implicações dos psicobióticos?
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