Estudos experimentais demonstraram que intervenções que englobam o consumo de alimentos funcionais ou compostos bioativos, bem como ajustes energéticos e nutricionais na dieta, podem atenuar ou mesmo prevenir consequências associadas à plasticidade do desenvolvimento, melhorando a saúde cardiovascular. Estudos passam a descrever as possibilidades de programação e reprogramação cardiovascular.

Programação cardiovascular
Durante anos, acreditou-se que as doenças cardiovasculares eram determinadas por fatores genéticos e estilo de vida. No entanto, evidências mostram que, na maioria dos casos, as doenças cardiovasculares na idade adulta podem estar relacionadas ao processo de plasticidade celular e a insultos nutricionais ocorridos durante gravidez e/ou lactação.
Atualmente, sabe-se que a programação do sistema cardiovascular também pode ocorrer diretamente em fases críticas da vida. Estudos recentes têm ilustrado que a diferenciação e a proliferação de doenças cardíacas nas células não estão totalmente completas no nascimento, continuando no período pós-natal imediato.
A síntese de DNA nas células ainda ocorre durante as primeiras duas semanas de vida em roedores e, em humanos, durante os primeiros 20 anos. Isso torna o coração dos mamíferos vulnerável a insultos durante o desenvolvimento intra-uterino, bem como durante o período de lactação. Mecanismos epigenéticos representam a chave para a plasticidade do desenvolvimento e estão relacionados tanto na programação quanto na reprogramação do sistema cardiovascular.
Plasticidade celular
Alterações epigenéticas, como metilação do DNA, acetilação de histonas e alteração na expressão de microRNAs têm sido consideradas bases moleculares da plasticidade celular e têm sido observadas em patologias cardíacas.
A desnutrição durante a vida intrauterina associada à restrição alimentar materna contribui para um fenótipo prematuro de envelhecimento cardíaco na prole adulta. Assim como excessos nutricionais no início da vida estão associados à obesidade materna, a desnutrição pode induzir o comprometimento da função cardíaca dos descendentes em longo prazo.
Essas exposições alteram o metabolismo cardíaco e os microRNAs envolvidos em cada estágio de desenvolvimento do coração e parecem desempenhar um papel crucial na programação desfavorável das doenças cardiovasculares.
Reprogramação
Dietas inadequadas em macro e micronutrientes têm sido identificadas como um importante estimulador de processos epigenéticos, especialmente a metilação do DNA.
Intervenções com compostos bioativos de alimentos funcionais podem atenuar ou até mesmo reprogramar as alterações fisiológicas relacionadas à plasticidade celular.
Evidências sugerem que a disbiose intestinal desempenha um papel importante na patogênese das doenças cardiovasculares e que os compostos bioativos podem atuar na modulação da microbiota a fim de favorecer uma população bacteriana saudável.
A amamentação pode modular a composição da microbiota intestinal e influenciar na metilação do DNA. O leite materno contém microRNAs envolvidos na regulação da expressão gênica em nível pós-transcricional.
Incluir alimentos funcionais na dieta pode ser uma estratégia adicional para mitigar os efeitos deletérios observados em longo prazo, decorrentes da desnutrição no início da vida.
Referência
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